Blog da Geomania
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Neste espaço serão publicados materiais, vídeos, áudios, jogos e enquetes, no intuito de proporcionar mais um momento prazeroso de estudo, ampliando suas possibilidades de construção coletiva de conhecimento.
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domingo, 15 de julho de 2012
domingo, 8 de julho de 2012
Charge sobre o Meio Ambiente
A Rio+20,Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, ocorrida em Rio de Janeiro, de 13 a 22 de junho de 2012, deixou a desejar. Os interesses capitalistas de países desenvolvidos e subdesenvolvidos prevaleceram. Assim, não há nada de novo partindo dos governos em função da preservação ambiental.
Observe a charge e dê sua opinião:
Que ações podemos realizar na preservação do meio ambiente, aqui, EM NOSSA CIDADE ?
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Importância e foco da Geografia
A Geografia pode nos ser muito útil na leitura e no entendimento desse mundo que nos rodeia. Somos cobrados a participar das soluções de seus inúmeros problemas, buscando soluções para nosso ambiente doméstico, nossa cidade, nossa região, nosso país e nosso mundo. Afinal, estamos sempre desejando um mundo melhor.
O campo de preocupações da Geografia é o espaço da sociedade humana, onde vivem homens e mulheres, responsáveis pela produção de modificações neste espaço, que está em permanente (re)construção.
Indústrias, cidades, agricultura, rios, solos, climas, populações e muitos outros elementos constituem o espaço geográfico, isto é, o meio ou a realidade material onde a humanidade vive.
Tudo neste espaço depende da natureza e do ser humano. A natureza é a fonte primeira de todo o mundo real. A água, a madeira, o petróleo, o ferro, o cimento e todas as outras coisas existentes, nada mais são do que aspectos da natureza. Mas a ação do homem reelabora, transforma os elementos naturais e o meio ambiente, ao fabricar os plásticos a partir do petróleo, ao represar rios e construir usinas hidrelétricas, ao aterrar mangues edificar cidades, ao inventar meios de transportes e comunicações para encurtar as distâncias.
Assim, o espaço geográfico não é apenas o local de morada da sociedade humana, mas, principalmente, o espaço onde a realidade é, a cada momento, transformada pela ação do homem.
O campo de preocupações da Geografia é o espaço da sociedade humana, onde vivem homens e mulheres, responsáveis pela produção de modificações neste espaço, que está em permanente (re)construção.
Indústrias, cidades, agricultura, rios, solos, climas, populações e muitos outros elementos constituem o espaço geográfico, isto é, o meio ou a realidade material onde a humanidade vive.
Tudo neste espaço depende da natureza e do ser humano. A natureza é a fonte primeira de todo o mundo real. A água, a madeira, o petróleo, o ferro, o cimento e todas as outras coisas existentes, nada mais são do que aspectos da natureza. Mas a ação do homem reelabora, transforma os elementos naturais e o meio ambiente, ao fabricar os plásticos a partir do petróleo, ao represar rios e construir usinas hidrelétricas, ao aterrar mangues edificar cidades, ao inventar meios de transportes e comunicações para encurtar as distâncias.
Assim, o espaço geográfico não é apenas o local de morada da sociedade humana, mas, principalmente, o espaço onde a realidade é, a cada momento, transformada pela ação do homem.
Milton Santos: O militante de idéias
Geógrafo Milton Santos criticou a globalização mas acreditava em transformação social.
Milton Santos (1926-2001) é considerado o maior geógrafo brasileiro pelos colegas de profissão.
O professor baiano de voz calma e olhar tranqüilo sublinhou o aspecto humano da geografia e criticou a globalização perversa.
Santos via na população pobre o ator social capaz de promover uma outra globalização, que defendeu em livros e conferências pelo mundo.
Por: Raquel Aguiar;
Ciência Hoje/RJ - Dezembro/2001;
Fonte: http://www2.uol.com.br/cienciahoje/perfis/milton/milton1.htm.
"O sonho obriga o homem a pensar"
Milton Santos
Milton Santos (1926-2001) é considerado o maior geógrafo brasileiro pelos colegas de profissão.
O professor baiano de voz calma e olhar tranqüilo sublinhou o aspecto humano da geografia e criticou a globalização perversa.
Santos via na população pobre o ator social capaz de promover uma outra globalização, que defendeu em livros e conferências pelo mundo.
Ecologia e desenvolvimento: Leis ambientais e Código Florestal
Algumas considerações acerca da trajetória das leis ambientais no Brasil e a proposta referente à reformulação do Código Florestal, por Ecirio Barreto.
Neste ensaio é debatida a criação do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, que reconhece o meio ambiente como patrimônio público que todos devem cuidar. Por conseguinte, analisando o contexto atual das leis ambientais no Brasil, é feito um debate específico sobre a proposta do novo Código Florestal brasileiro, no qual primeiramente para entender a sua atual situação é realizada uma periodização que aborda sobre a criação do primeiro Código Florestal, os fatores que levaram para sua reformulação até chegar ao debate atual.
Antigamente, debater sobre questões relacionadas às leis ambientais era especificamente restrito, cabível apenas aos profissionais especializados no campo das leis. No entanto, com as transformações que foram acontecendo referentes ao meio ambiente, a legislação ambiental tornou-se pauta presente na sociedade brasileira. No Brasil, a participação da população no processo decisório referente à elaboração e implantação de leis ambientais ainda é recente. Devido a isso, a partir da criação e instituição da Política Nacional do Meio Ambiente e do Artigo 225, o meio ambiente tornou-se oficialmente tratado como patrimônio público. Isso culminou, devido à necessidade de ministrar os recursos naturais existentes e de tentar garantir a sua preservação para as gerações futuras. Agora, no início do século XXI, a questão do debate sobre a reformulação e criação de leis ambientais vem novamente à tona. E a pauta da vez é sobre a proposta de reformulação do novo Código Florestal brasileiro.
Partindo desse princípio, este artigo tem como objetivo fazer um retrospecto sobre os aspectos da trajetória das leis ambientais brasileiras, bem como debater sobre a sua atual situação por meio da proposta de reformulação do novo Código Florestal. A razão de debater essa temática é conhecer um pouco mais sobre as leis ambientais a partir da análise crítica e reflexiva que a Geografia pode oferecer.
ALGUNS ASPECTOS SOBRE A TRAJETÓRIA DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL - Em meados do século XX, mais precisamente na década de 70, o mundo estava passando por uma crise econômica. Um dos principais fatores que contribuiu para a então recessão financeira mundial foi a crise do petróleo, pautada pelo modelo de produção fordista. Neste cenário de caos econômico causado pelo sistema capitalista, surgiram notícias, advindas do mundo científico, consideradas desagradáveis para os seres humanos. Segundo informações baseadas em pesquisas científicas, o planeta Terra estava passando por várias transformações ambientais. E um dos principais fatores relacionados à crise ambiental era o aumento da temperatura, causado pelo excesso de atividades industriais que emitem gases estufas nocivos para atmosfera e, também o aumento identificado no processo de urbanização, com o crescimento econômico das cidades dos países em vias de desenvolvimento.
Essas transformações ocasionadas pelo desenfreado modo de produção estavam causando a poluição atmosférica, desmatamento das florestas, assoreamento dos rios, mudanças na dinâmica de precipitações, enchentes em áreas urbanas, calor acentuado nos grandes centros urbanos etc. Em decorrência desses fatores, foi realizado em Estocolmo (Suécia) uma das primeiras conferências que discutiam sobre os graves problemas ambientais ocasionados pelas atividades humanas em nível mundial.
No Brasil, nesse período temporal (década de 1970) não existia nenhum documento jurídico que tratasse de maneira geral as questões ambientais. A realização dessa conferência no continente europeu mais tarde (no final da década de 70) influenciou a realização das primeiras discussões referentes à importância de se criar políticas voltadas à preservação do meio ambiente no País, contribuindo para que no ano de 1973 fosse criada a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), o primeiro órgão brasileiro de ação nacional voltado para o Meio Ambiente. Após várias discussões no início da década de 1980, foi criada a lei 6938/81, no dia 31 do mês de agosto de 1981, que instituía a Política Nacional do Meio Ambiente na qual:
Art. 2º. [...] tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; (LEI Nº 6.938).
Tendo em base a análise do artigo de lei acima, verifica-se que o objetivo principal dessa lei é preservar, bem como recuperar a qualidade ambiental, porque é por meio da qualidade de um ambiente saudável que nós humanos podemos ter melhores condições de vida. É nesse sentido que a Política Nacional do Meio Ambiente elucida didaticamente, no texto, a importância da atuação do poder público na preservação do solo, subsolo, recursos hídricos, florestas e a fauna, pois são considerados patrimônios públicos da sociedade brasileira. Mas, para que ocorra isso é necessário um planejamento que envolva a intera ção comunidade e o poder público, como parceiros atuantes tanto no processo de planejamento, bem como na fiscalização do patrimônio ambiental.
Para que o poder público atue na preservação do meio ambiente, é necessário um planejamento que cause interação entre a comunidade e os governantes.
REFERÊNCIA
Modelo de produção fordista - Refere-se ao Fordismo, um sistema de produção criado pelo empresário norte-americano Henry Ford (1863-1947), cuja principal característica é a fabricação em massa.
O sistema foi criado em 1914 para a indústria de automóveis, projetando um sistema baseado numa linha de montagem, cujos objetivos principais eram reduzir os custos de produção e baratear o produto, para vendê-lo para o maior número possível de consumidores. O fordismo foi o sistema de produção que mais se desenvolveu no século XX, sendo responsável pela produção em massa de mercadorias das mais diversas espécies.
"- FIQUE POR DENTRO!"
Artigo 225 - Em 1988 foi criada a primeira lei a abordar o tema meio ambiente: o capítulo, que contempla não somente seu conceito normativo, é ligado ao meio ambiente natural, sem deixar de mencionar suas outras faces: o meio ambiente artificial, o meio ambiente do trabalho, o meio ambiente cultural e o patrimônio genético, também tratados em diversos outros artigos da Constituição.
Neste ensaio é debatida a criação do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, que reconhece o meio ambiente como patrimônio público que todos devem cuidar. Por conseguinte, analisando o contexto atual das leis ambientais no Brasil, é feito um debate específico sobre a proposta do novo Código Florestal brasileiro, no qual primeiramente para entender a sua atual situação é realizada uma periodização que aborda sobre a criação do primeiro Código Florestal, os fatores que levaram para sua reformulação até chegar ao debate atual.
Antigamente, debater sobre questões relacionadas às leis ambientais era especificamente restrito, cabível apenas aos profissionais especializados no campo das leis. No entanto, com as transformações que foram acontecendo referentes ao meio ambiente, a legislação ambiental tornou-se pauta presente na sociedade brasileira. No Brasil, a participação da população no processo decisório referente à elaboração e implantação de leis ambientais ainda é recente. Devido a isso, a partir da criação e instituição da Política Nacional do Meio Ambiente e do Artigo 225, o meio ambiente tornou-se oficialmente tratado como patrimônio público. Isso culminou, devido à necessidade de ministrar os recursos naturais existentes e de tentar garantir a sua preservação para as gerações futuras. Agora, no início do século XXI, a questão do debate sobre a reformulação e criação de leis ambientais vem novamente à tona. E a pauta da vez é sobre a proposta de reformulação do novo Código Florestal brasileiro.
Partindo desse princípio, este artigo tem como objetivo fazer um retrospecto sobre os aspectos da trajetória das leis ambientais brasileiras, bem como debater sobre a sua atual situação por meio da proposta de reformulação do novo Código Florestal. A razão de debater essa temática é conhecer um pouco mais sobre as leis ambientais a partir da análise crítica e reflexiva que a Geografia pode oferecer.
ALGUNS ASPECTOS SOBRE A TRAJETÓRIA DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL - Em meados do século XX, mais precisamente na década de 70, o mundo estava passando por uma crise econômica. Um dos principais fatores que contribuiu para a então recessão financeira mundial foi a crise do petróleo, pautada pelo modelo de produção fordista. Neste cenário de caos econômico causado pelo sistema capitalista, surgiram notícias, advindas do mundo científico, consideradas desagradáveis para os seres humanos. Segundo informações baseadas em pesquisas científicas, o planeta Terra estava passando por várias transformações ambientais. E um dos principais fatores relacionados à crise ambiental era o aumento da temperatura, causado pelo excesso de atividades industriais que emitem gases estufas nocivos para atmosfera e, também o aumento identificado no processo de urbanização, com o crescimento econômico das cidades dos países em vias de desenvolvimento.
Essas transformações ocasionadas pelo desenfreado modo de produção estavam causando a poluição atmosférica, desmatamento das florestas, assoreamento dos rios, mudanças na dinâmica de precipitações, enchentes em áreas urbanas, calor acentuado nos grandes centros urbanos etc. Em decorrência desses fatores, foi realizado em Estocolmo (Suécia) uma das primeiras conferências que discutiam sobre os graves problemas ambientais ocasionados pelas atividades humanas em nível mundial.
No Brasil, nesse período temporal (década de 1970) não existia nenhum documento jurídico que tratasse de maneira geral as questões ambientais. A realização dessa conferência no continente europeu mais tarde (no final da década de 70) influenciou a realização das primeiras discussões referentes à importância de se criar políticas voltadas à preservação do meio ambiente no País, contribuindo para que no ano de 1973 fosse criada a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), o primeiro órgão brasileiro de ação nacional voltado para o Meio Ambiente. Após várias discussões no início da década de 1980, foi criada a lei 6938/81, no dia 31 do mês de agosto de 1981, que instituía a Política Nacional do Meio Ambiente na qual:
Art. 2º. [...] tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; (LEI Nº 6.938).
Tendo em base a análise do artigo de lei acima, verifica-se que o objetivo principal dessa lei é preservar, bem como recuperar a qualidade ambiental, porque é por meio da qualidade de um ambiente saudável que nós humanos podemos ter melhores condições de vida. É nesse sentido que a Política Nacional do Meio Ambiente elucida didaticamente, no texto, a importância da atuação do poder público na preservação do solo, subsolo, recursos hídricos, florestas e a fauna, pois são considerados patrimônios públicos da sociedade brasileira. Mas, para que ocorra isso é necessário um planejamento que envolva a intera ção comunidade e o poder público, como parceiros atuantes tanto no processo de planejamento, bem como na fiscalização do patrimônio ambiental.
Para que o poder público atue na preservação do meio ambiente, é necessário um planejamento que cause interação entre a comunidade e os governantes.
REFERÊNCIA
Modelo de produção fordista - Refere-se ao Fordismo, um sistema de produção criado pelo empresário norte-americano Henry Ford (1863-1947), cuja principal característica é a fabricação em massa.
O sistema foi criado em 1914 para a indústria de automóveis, projetando um sistema baseado numa linha de montagem, cujos objetivos principais eram reduzir os custos de produção e baratear o produto, para vendê-lo para o maior número possível de consumidores. O fordismo foi o sistema de produção que mais se desenvolveu no século XX, sendo responsável pela produção em massa de mercadorias das mais diversas espécies.
"- FIQUE POR DENTRO!"
Artigo 225 - Em 1988 foi criada a primeira lei a abordar o tema meio ambiente: o capítulo, que contempla não somente seu conceito normativo, é ligado ao meio ambiente natural, sem deixar de mencionar suas outras faces: o meio ambiente artificial, o meio ambiente do trabalho, o meio ambiente cultural e o patrimônio genético, também tratados em diversos outros artigos da Constituição.
Xenofobia na Europa: Os padrões atuais de migração internacional
"Casos xenofóbicos têm tido repercussão internacional. As mortes por motivo de xenofobia têm se tornado pauta de agências nacionais e supranacionais, as quais buscam reprimir esse tipo de intolerância social. Mas por que a xenofobia tem aumentado? Por que na Europa?" (Fernanda Cristina de Paula)
Em 2008, foi constatado na Rússia que provavelmente 300 pessoas (em cinco anos) foram mortas por ataques xenofóbicos. Recentemente, os dois filhos de uma advogada sofreram seguidas agressões verbais e físicas de alunos da escola em que estudavam, na Espanha, por serem brasileiros. Em julho de 2011, aproximadamente 80 pessoas morreram em uma explosão de bomba e fuzilamento, realizados por um extremista político com motivos xenofóbicos, na Noruega.
O termo xenofobia se originou na psicologia e é utilizado para designar uma doença: o medo patológico de estrangeiros. Enquanto patologia, a xenofobia se constitui em um medo ou aversão irracional, sem motivos justificáveis. No entanto, atualmente, o termo faz referência a outro fenômeno: os casos de preconceito, discriminação e violência física contra estrangeiros; tudo isso baseado em um discurso não irracional, mas sustentado (principalmente) por ideais de nacionalismo e discussões sobre crise econômica.
Atualmente, houve o aumento de notícias sobre casos de xenofobia, principalmente na Europa. Mas qual seria a causa desse aumento? Por que há uma concentração desses casos na Europa? Qual a relação entre migrantes, nacionalismo e crise econômica?
FLUXOS MIGRATÓRIOS - A proliferação de casos de xenofobia é o reflexo de um padrão e de uma nova intensidade dos fluxos migratórios. Compreender esses fluxos e padrões migratórios ajuda no entendimento da xenofobia enquanto problema social.
Migração é a mudança de residência de um indivíduo ou grupo para outra unidade administrativa (ou seja, outro país, estado ou município). As causas da migração podem ser variadas: busca por novas oportunidades de emprego, busca por melhor qualidade de vida, refugiados por motivos de desastres naturais, guerras, fome ou perseguição (religiosa, étnica, cultural) no seu país de origem. Três fatores caracterizam, atualmente, a migração internacional: (1) padrão de migração, (2) maior facilidade de viajar pelo planeta e se comunicar com pessoas de qualquer parte do mundo, (3) necessidade de países receberem migrantes.
1) Padrão de migração
Diferentemente do século XIX, quando o fluxo migratório era de pessoas saindo do Velho Mundo (Europa) para o Novo Mundo (Continente Americano), o padrão migratório do século XX e início do século XXI é de grupos saindo de países do sul para residirem em países do norte do planeta. Isso é devido à concentração de países subdesenvolvidos no hemisfério sul de onde saem pessoas que migram para o hemisfério norte (onde se concentram países desenvolvidos, com melhores salários e oportunidade de empregos), buscando melhores condições de vida.
2) Facilidade de deslocamento e comunicação
Associado a esse padrão dos fluxos migratórios, outro fator que marca a migração atualmente é a globalização (desenvolvimento das tecnologias de transporte e comunicação, que permitem a interação em escala global). Esse fenômeno contemporâneo é responsável por um aumento significativo da facilidade de deslocamentos e comunicação dos migrantes. O avanço dos meios de transportes facilita e difunde meios rápidos de se locomover de um país a outro. A facilidade de comunicação permite, como em nenhuma outra época, que o migrante continue a se comunicar, manter laços e enviar dinheiro para pessoas (geralmente familiares) de seu país de origem. Essas facilidades, possíveis pela globalização, promovem ainda mais a migração contemporânea.
3) Necessidade de migrantes
O continente europeu apresentou nas últimas décadas dois motivos para precisar de migrantes em seus países. O primeiro motivo é que, depois da reestruturação econômica pós 2ª Guerra Mundial, houve demanda de trabalhadores para empregos que oferecem (relativamente) baixos salários por trabalho braçal, sem exigência de alta escolaridade; foi a massa de migrantes que atendeu a essa demanda do mercado de trabalho. Esse tipo de emprego não interessava aos europeus, os quais apresentam boa escolaridade e preferem empregos com melhores condições de trabalho e salários. O segundo motivo que fez com que a Europa precisasse de trabalhadores migrantes é a estrutura etária da população. A tendência desse continente é de cada vez nascer um número menor de pessoas ( baixa taxa de natalidade) e de aumento da expectativa de vida. Desse modo, os trabalhadores migrantes são necessários tanto para suprir a quantidade inferior de jovens aptos a trabalhar quanto para pagar os impostos que contribuem para o pagamento do número crescente de aposentados.
Esses três fatores (padrão de migração, facilidade de deslocamento e comunicação, necessidade de trabalhadores estrangeiros) são responsáveis por um grande fluxo migratório para a Europa. Portanto, nos últimos anos, uma quantidade significativa de migrantes fixou residência em países europeus.
A convivência (na mesma porção espacial) com pessoas de etnia, religião e hábitos diferentes pode causar o estranhamento dos moradores em relação aos estrangeiros. Notar e estranhar a diferença são uma reação humana normal (esse fenômeno de estranhamento do estrangeiro é conhecido também como "choque cultural"). No entanto, o estranhamento evolui para xenofobia quando as pessoas começam a discriminar e culpar os estrangeiros por problemas que acontecem na cidade onde moram ou em seu país.
O nacionalismo é o conjunto de ideias e atitudes para pensar o desenvolvimento e o bem da própria nação. No entanto, diante de crises econômicas recentes nos países europeus, discursos nacionalistas têm se pautado no sentimento xenofóbico para explicar e resolver as más situações em que se encontra a economia de seu país. O principal argumento do discurso nacionalista, baseado na xenofobia, é de que os migrantes "roubam" os empregos do restante da população do país que os abriga. Nesse sentido, para os nacionalistas com tendências xenofóbicas, a solução é a expulsão dos migrantes e a proibição da entrada de estrangeiros no país. Nos casos mais dramáticos, o exacerbamento da xenofobia leva alguns indivíduos ou grupos a ações extremas, como atentados terroristas e assassinatos.
ATUALIDADE: O RECEIO EUROPEU - Devido ao padrão de migrantes em direção à Europa, é este continente que tem apresentado a maior parte dos casos extremos de xenofobia. Como exemplo, só nesta década, tem-se o incêndio criminoso de um edifício onde moravam migrantes turcos, na Alemanha; o caso recente do norueguês que explodiu uma bomba no centro de Olso (capital da Noruega) e fuzilou estudantes de um partido de esquerda (que eram contra o discurso de expulsão de migrantes), totalizando aproximadamente 80 mortos. Além disso, foram observadas manifestações e passeatas contra migrantes na França, Portugal, Espanha e Inglaterra. O alvo da xenofobia são, principalmente, latinos, asiáticos e africanos.
A xenofobia e os consequentes atos contras migrantes são oficialmente considerados como crime e violação dos Direitos Humanos. Com receio de que os casos de xenofobia iniciem uma grande onda de intolerância étnica, religiosa e cultural (tal como a vivida na 2ª Guerra Mundial, qual resultou no genocídio de judeus na Alemanha de Hitler), autoridades da União Europeia e organizações supranacionais como a ONU têm criado projetos para repudiar e evitar o desenvolvimento da xenofobia entre os europeus. Grande parte de cidadãos europeus também fazem questão de se mobilizar em passeatas a fim de expressar que a xenofobia é também repudiada por grande parte das pessoas desse continente.
"- FIQUE POR DENTRO!"
Baixa taxa de natalidade - Todos os países europeus apresentam taxa de natalidade baixa demais para manter seu atual nível populacional, segundo um estudo abrangente de análise demográfica feita pelo Instituto Max Planck, de Rostock, Alemanha, divulgado na revista alemã Pesquisa Demográfica em Primeira Mão.
Segundo os pesquisadores, nenhum dos Estados europeus atingiu o chamado "nível de substituição" da média de 2,1 filhos por mulher, por meio do qual a geração dos filhos pode substituir a de seus pais. Com vista ao número de nascimentos, a Europa está dividida em dois grupos de países. Os países com taxas acima de 1,7 filho por mulher, que mais se aproximam da média do nível de substituição, são França, Reino Unido, Irlanda e Escandinávia, com médias entre 1,8 e 2,0. As taxas de fecundidade dos demais países europeus, inclusive os de língua alemã, variam entre 1,3 e 1,5 filho por mulher, afirmou o estudo. (fonte: DW- World)
Em 2008, foi constatado na Rússia que provavelmente 300 pessoas (em cinco anos) foram mortas por ataques xenofóbicos. Recentemente, os dois filhos de uma advogada sofreram seguidas agressões verbais e físicas de alunos da escola em que estudavam, na Espanha, por serem brasileiros. Em julho de 2011, aproximadamente 80 pessoas morreram em uma explosão de bomba e fuzilamento, realizados por um extremista político com motivos xenofóbicos, na Noruega.
O termo xenofobia se originou na psicologia e é utilizado para designar uma doença: o medo patológico de estrangeiros. Enquanto patologia, a xenofobia se constitui em um medo ou aversão irracional, sem motivos justificáveis. No entanto, atualmente, o termo faz referência a outro fenômeno: os casos de preconceito, discriminação e violência física contra estrangeiros; tudo isso baseado em um discurso não irracional, mas sustentado (principalmente) por ideais de nacionalismo e discussões sobre crise econômica.
Atualmente, houve o aumento de notícias sobre casos de xenofobia, principalmente na Europa. Mas qual seria a causa desse aumento? Por que há uma concentração desses casos na Europa? Qual a relação entre migrantes, nacionalismo e crise econômica?
FLUXOS MIGRATÓRIOS - A proliferação de casos de xenofobia é o reflexo de um padrão e de uma nova intensidade dos fluxos migratórios. Compreender esses fluxos e padrões migratórios ajuda no entendimento da xenofobia enquanto problema social.
Migração é a mudança de residência de um indivíduo ou grupo para outra unidade administrativa (ou seja, outro país, estado ou município). As causas da migração podem ser variadas: busca por novas oportunidades de emprego, busca por melhor qualidade de vida, refugiados por motivos de desastres naturais, guerras, fome ou perseguição (religiosa, étnica, cultural) no seu país de origem. Três fatores caracterizam, atualmente, a migração internacional: (1) padrão de migração, (2) maior facilidade de viajar pelo planeta e se comunicar com pessoas de qualquer parte do mundo, (3) necessidade de países receberem migrantes.
1) Padrão de migração
Diferentemente do século XIX, quando o fluxo migratório era de pessoas saindo do Velho Mundo (Europa) para o Novo Mundo (Continente Americano), o padrão migratório do século XX e início do século XXI é de grupos saindo de países do sul para residirem em países do norte do planeta. Isso é devido à concentração de países subdesenvolvidos no hemisfério sul de onde saem pessoas que migram para o hemisfério norte (onde se concentram países desenvolvidos, com melhores salários e oportunidade de empregos), buscando melhores condições de vida.
2) Facilidade de deslocamento e comunicação
Associado a esse padrão dos fluxos migratórios, outro fator que marca a migração atualmente é a globalização (desenvolvimento das tecnologias de transporte e comunicação, que permitem a interação em escala global). Esse fenômeno contemporâneo é responsável por um aumento significativo da facilidade de deslocamentos e comunicação dos migrantes. O avanço dos meios de transportes facilita e difunde meios rápidos de se locomover de um país a outro. A facilidade de comunicação permite, como em nenhuma outra época, que o migrante continue a se comunicar, manter laços e enviar dinheiro para pessoas (geralmente familiares) de seu país de origem. Essas facilidades, possíveis pela globalização, promovem ainda mais a migração contemporânea.
3) Necessidade de migrantes
O continente europeu apresentou nas últimas décadas dois motivos para precisar de migrantes em seus países. O primeiro motivo é que, depois da reestruturação econômica pós 2ª Guerra Mundial, houve demanda de trabalhadores para empregos que oferecem (relativamente) baixos salários por trabalho braçal, sem exigência de alta escolaridade; foi a massa de migrantes que atendeu a essa demanda do mercado de trabalho. Esse tipo de emprego não interessava aos europeus, os quais apresentam boa escolaridade e preferem empregos com melhores condições de trabalho e salários. O segundo motivo que fez com que a Europa precisasse de trabalhadores migrantes é a estrutura etária da população. A tendência desse continente é de cada vez nascer um número menor de pessoas ( baixa taxa de natalidade) e de aumento da expectativa de vida. Desse modo, os trabalhadores migrantes são necessários tanto para suprir a quantidade inferior de jovens aptos a trabalhar quanto para pagar os impostos que contribuem para o pagamento do número crescente de aposentados.
Esses três fatores (padrão de migração, facilidade de deslocamento e comunicação, necessidade de trabalhadores estrangeiros) são responsáveis por um grande fluxo migratório para a Europa. Portanto, nos últimos anos, uma quantidade significativa de migrantes fixou residência em países europeus.
A convivência (na mesma porção espacial) com pessoas de etnia, religião e hábitos diferentes pode causar o estranhamento dos moradores em relação aos estrangeiros. Notar e estranhar a diferença são uma reação humana normal (esse fenômeno de estranhamento do estrangeiro é conhecido também como "choque cultural"). No entanto, o estranhamento evolui para xenofobia quando as pessoas começam a discriminar e culpar os estrangeiros por problemas que acontecem na cidade onde moram ou em seu país.
O nacionalismo é o conjunto de ideias e atitudes para pensar o desenvolvimento e o bem da própria nação. No entanto, diante de crises econômicas recentes nos países europeus, discursos nacionalistas têm se pautado no sentimento xenofóbico para explicar e resolver as más situações em que se encontra a economia de seu país. O principal argumento do discurso nacionalista, baseado na xenofobia, é de que os migrantes "roubam" os empregos do restante da população do país que os abriga. Nesse sentido, para os nacionalistas com tendências xenofóbicas, a solução é a expulsão dos migrantes e a proibição da entrada de estrangeiros no país. Nos casos mais dramáticos, o exacerbamento da xenofobia leva alguns indivíduos ou grupos a ações extremas, como atentados terroristas e assassinatos.
ATUALIDADE: O RECEIO EUROPEU - Devido ao padrão de migrantes em direção à Europa, é este continente que tem apresentado a maior parte dos casos extremos de xenofobia. Como exemplo, só nesta década, tem-se o incêndio criminoso de um edifício onde moravam migrantes turcos, na Alemanha; o caso recente do norueguês que explodiu uma bomba no centro de Olso (capital da Noruega) e fuzilou estudantes de um partido de esquerda (que eram contra o discurso de expulsão de migrantes), totalizando aproximadamente 80 mortos. Além disso, foram observadas manifestações e passeatas contra migrantes na França, Portugal, Espanha e Inglaterra. O alvo da xenofobia são, principalmente, latinos, asiáticos e africanos.
A xenofobia e os consequentes atos contras migrantes são oficialmente considerados como crime e violação dos Direitos Humanos. Com receio de que os casos de xenofobia iniciem uma grande onda de intolerância étnica, religiosa e cultural (tal como a vivida na 2ª Guerra Mundial, qual resultou no genocídio de judeus na Alemanha de Hitler), autoridades da União Europeia e organizações supranacionais como a ONU têm criado projetos para repudiar e evitar o desenvolvimento da xenofobia entre os europeus. Grande parte de cidadãos europeus também fazem questão de se mobilizar em passeatas a fim de expressar que a xenofobia é também repudiada por grande parte das pessoas desse continente.
"- FIQUE POR DENTRO!"
Baixa taxa de natalidade - Todos os países europeus apresentam taxa de natalidade baixa demais para manter seu atual nível populacional, segundo um estudo abrangente de análise demográfica feita pelo Instituto Max Planck, de Rostock, Alemanha, divulgado na revista alemã Pesquisa Demográfica em Primeira Mão.
Segundo os pesquisadores, nenhum dos Estados europeus atingiu o chamado "nível de substituição" da média de 2,1 filhos por mulher, por meio do qual a geração dos filhos pode substituir a de seus pais. Com vista ao número de nascimentos, a Europa está dividida em dois grupos de países. Os países com taxas acima de 1,7 filho por mulher, que mais se aproximam da média do nível de substituição, são França, Reino Unido, Irlanda e Escandinávia, com médias entre 1,8 e 2,0. As taxas de fecundidade dos demais países europeus, inclusive os de língua alemã, variam entre 1,3 e 1,5 filho por mulher, afirmou o estudo. (fonte: DW- World)
Fernanda Cristina de Paula;
Géografa/Mestre em Geografia (IG/UNICAMP) e professora da Rede Municipal de Ensino de Jaguariúna (SP);
e-mail: depaula.fernandac@yahoo.com.br.
Cartografia e GPS
A elaboração de mapas começou na Antiguidade. O mapa mais antigo do mundo foi encontrado na Mesopotâmia. Hoje, podemos obter imagens tridimensionais da superfície da Terra e contamos até com a cartografia e o GPS como grandes aliados.
Valesca Valdestilhas Daminello
"Adeus trabalho velho, bem-vindos robôs!"
"A globalização é um processo de mudanças que não pode ser analisada apenas pelos seus aspectos geopolíticos e econômicos. Correríamos o risco de cair na cilada do tecnicismo, que apenas alinha dados e situa fenômenos específicos. No entanto, esse fenômeno atua fortemente sobre o homem, alterando comportamentos e abalando personalidades." (José Odair da Silva)
Os conceitos políticos, sociais, valores éticos, o uso da ciência, das artes, enfim, a cultura criada pela humanidade em milênios está sendo afetada, substituída e modificada. Nos países altamente industrializados, as fábricas também foram beneficiadas com a automação. Junto com os computadores vieram os robôs, isto é, equipamentos mecânicos destinados à manipulação de objetos, ferramentas e peças, dotados de inteligência artificial.
Em 1975, a indústria automobilística japonesa produzia 2,5 milhões de carros por ano, empregando 500 mil trabalhadores. Dez anos depois, passou a produzir 10 milhões de carros por ano, isto é, quatro vezes mais, com o mesmo número de trabalhadores.
Na era dos robôs, eficácia, rapidez e padronização tornam-se as palavras de ordem. Quanto mais racionalizados e mecanizados, melhor será o trabalho. A população de robôs do planeta aumentou em 85 mil máquinas a cada ano, segundo relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas.
Veja como estão seus conhecimentos sobre o mundo
A charge acima foi publicada no site do escritor, dramaturgo e humorista Millôr Fernandes. Para o autor do desenho, a globalização é um processo (escolha a alternativa e comente):
1) Assimétrico na medida em que permite melhor e mais justa distribuição da riqueza mundial;
2) Simétrico na medida em que permite maior interação econômica entre as mais distantes regiões do planeta;
3) Excludente, uma vez que aprofunda o abismo entre nações de diferentes níveis de desenvolvimento econômico;
4) Integrador, uma vez que favorece os países pobres em detrimento das nações mais desenvolvidas;
5) Regional na medida em que fortalece a posição das nações do hemisfério sul enfraquecendo geopoliticamente as nações do hemisfério norte.
Rio sedia conferência da ONU para decidir destino da preservação do planeta
Diz a lenda - e, supostamente, o calendário maia - que o mundo acabará em 2012. Curiosamente, a mesma ciência que desmente os mitos catastrofistas também atribui um significado especial a este ano. Será o momento de definirmos em que planeta viveremos nas próximas décadas: um onde se busca o desenvolvimento sustentável ou outro em que os recursos são explorados de forma predatória; um de clima administrável ou outro de catástrofes incontroláveis; um socialmente inclusivo ou outro em que cada país luta por si.
Na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada no Rio - RJ, em 1992, a comunidade internacional optou pelo respeito à biodiversidade e pela retirada de populações da linha de pobreza. Um discurso esperançoso, que, na prática, pouco ecoou. Vinte anos depois, de 4 a 6 de junho de 2012, a ONU fez, novamente, uma grande conferência no Rio, para discutir a mesma encruzilhada. E, mais uma vez, o Rio foi a capital mundial do meio ambiente.
Desta vez, porém, a corda esteve mais apertada no pescoço. Os prazos estreitaram-se, espécies engrossaram a lista das ameaçadas de extinção, eventos extremos avançam pela Terra.
O clima, embora fora da agenda principal - a pauta do Rio+20 era desenvolvimento sustentável e economia verde - não foi ignorado pelas dezenas de chefes de Estado que foram à cidade. Até o fim de 2012, eles terão de encontrar um sucessor para o malfadado Protocolo de Kioto, único acordo internacional com poder de lei que estabelece limites para as emissões de CO2 e outros gases-estufa.
O planeta recém-saído de uma de suas maiores crises econômicas terá de reaprender a crescer. Não basta um mercado próspero. É preciso atender outros pré-requisitos, como ter uma matriz energética limpa, meios de transporte não poluentes e incentivo à reciclagem. Exigências que, de forma completa, nenhuma nação atende; algumas inclusive contestam. Segundo a ONU, cada país terá de investir, em média, o equivalente a 2% de seu PIB, por 40 anos, para atingir este objetivo.
"Estima-se que, se todos mantiverem seu estilo de vida "insustentável", precisaremos de cinco planetas para suprirmos nossas demandas" - alertou o secretário-geral da Rio+20, o diplomata chinês Sha Zukang, em seu blog. "Temos de considerar os limites dos recursos naturais. Não para viver de forma mais pobre, e sim de um modo mais inteligente."
A Rio+20 ampara-se em um documento, a Agenda 21, elaborado no encontro de duas décadas atrás. Trata-se de uma carta de intenções que propõe a visão conjunta de temas econômicos, sociais e ambientais. Entre as áreas prioritárias - que, inclusive, ganharam suas próprias conferências da ONU - estão mudanças climáticas, biodiversidade, desertificação e responsabilidade corporativa.
A agenda foi revista em 2002, num encontro em Johanesburgo, onde foi constatada a necessidade de tomar passos concretos para tirá-la do papel. Isso ainda não aconteceu, embora a última década tenha sido de prosperidade econômica.
"A Rio 92 foi quase profética" - assinala Israel Klabin, presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS). "Os problemas que detectou são hoje factuais, mensuráveis e as soluções estão ao nosso alcance. Falta, no entanto, conseguirmos condensá-las em um projeto, que se aproxime o máximo possível de um consenso dos governos."
A plateia também mudou - inclusive em seu tamanho. Há vinte anos, os grupos com voz ativa na discussão eram poucos. Agora, a audiência ganhou corpo e abrange públicos mais diferentes entre si, como jovens, empresas, ONGs, sindicatos, cientistas e trabalhadores rurais.
"Passaram-se 20 anos e temos um mundo diferente em termos de tecnologia e globalização, mas também de participação" - ressalta Lawrence Gumbiner, subsecretário adjunto de Meio Ambiente dos EUA. - "Os governos, obviamente, terão papel central, mas agora convivem com novos atores."
Gumbiner veio ao Rio, como representante do governo americano, na preparação da Rio+20. O subsecretário deu palestra sobre o futuro das negociações globais para o desenvolvimento sustentável. Ele reconheceu que, mesmo diante da pressão da sociedade civil organizada, o ritmo do poder público não corresponde às expectativas. "O desenvolvimento sustentável tem pilares econômico, social e ambiental. Colocar todos de pé, em todos os países, demora um certo tempo - admite. "Mas creio que temos de nos orgulhar do que já foi feito e expandir a discussão para outros temas, como a sustentabilidade urbanística. A economia verde não se restringe às florestas e à agricultura. Debater o crescimento urbano é fundamental."
Como em qualquer encontro da ONU, as conversas dançaram conforme a música tocada pelos países mais poderosos. Só que mesmo a definição de quais são essas nações não é mais a mesma. Em 1992, os países desenvolvidos eram os donos da pauta. Nos últimos anos, no entanto, surgiram grupos como os Estados insulares e o Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
"As disputas entre essas alianças podem ser reprisadas, mas de uma forma diferente" - opina Sérgio Besserman, professor do Departamento de Economia da PUC-Rio e assessor da Prefeitura do Rio para a conferência. "Como não haverá deliberações concretas na Rio+20, é provável que o conflito seja menos agudo. Mas a pressão sobre todas as nações deve crescer, devido à insatisfação com a falta de governança global. Estamos em marcha firme para uma crise de sustentabilidade. Muito pouco de nosso rumo foi alterado desde 1992."
Era de se esperar que um país - que já seria ouvido, devido ao tamanho de sua economia - recebesse atenção especial: o Brasil.
"Será o momento internacional mais importante do governo de Dilma Rousseff" - acreditava Besserman. "O mundo inteiro perguntará o que temos a dizer sobre economia verde. O Brasil não será fundamental para que a conferência seja ou não um sucesso, mas é quem vai definir a força da mensagem da Rio+20."
E por que o Brasil? Além de anfitrião do encontro, trata-se de uma democracia de dimensões continentais, que colhe êxitos no combate à pobreza - embora a desigualdade ainda seja uma marca profunda - e tem matriz energética renovável, não emissora de gases-estufa.
Pesa, porém, o grave desmatamento na Amazônia, a maior floresta da Terra.
É preciso, segundo Besserman, encontrar um modo sustentável de manter aquela região tropical, investindo em estoques de carbono. E, também, na logística que sustentaria a economia verde do país. O transporte de carga ainda é feito em caminhão a diesel. Mas até daí nasceria uma oportunidade. "Falta investir em ferrovias e aeroportos. Essa medida, aliada à energia limpa e a uma Amazônia protegida, nos transformam em uma potência ambiental" - assegura Besserman.
Diante de um debate amplo, que mobiliza cifras gigantescas, os chefes de Estado puderam se perder com a quantidade de decisões a serem tomadas. Para evitar esse risco, diversas organizações da sociedade civil prepararam levantamentos indicando quais, segundo elas, deveriam ser as prioridades da Rio+20. Por aqui, um estudo era conduzido pela FBDS, em parceria com a Coppe/UFRJ. Ambas consideravam a energia o componente mais importante da conferência.
"A maior parte dos impactos ao meio ambiente pode ser atribuída à queima de combustíveis fósseis" - explica Branca Americano, assessora da fundação. "Queremos identificar casos de sucesso no mundo na transição para energia renovável."
A FBDS estava, desde o ano passado, em busca de recursos para realizar o estudo, que seria concluído até o início deste ano. Seus resultados parciais, porém, estariam disponíveis já em novembro, quando acabava o prazo para o envio de sugestões à comissão preparatória da Rio+20. O material recebido por este grupo serviu de base ao primeiro rascunho das resoluções da conferência.
No Brasil, cerca de 90% da energia elétrica é gerada por hidrelétricas, uma matriz menos agressiva para a atmosfera. "Nosso desafio é manter a energia renovável e olhar para a frente, ou seja, qual tecnologia vai nos sustentar daqui a 20 ou 30 anos" - ressalta.
O país, embora bem na foto das negociações diplomáticas, enfrenta um paradoxo. Quanto mais enriquece, mais sujo pode se tornar. Afinal, a construção de hidrelétricas também tem o seu limite.
"No futuro, teremos de buscar fontes limpas opcionais, como a energia eólica e a solar, ou apelar para os velhos e poluentes combustíveis fósseis, inclusive o carvão" - explica Klabin.
A insistência em uma matriz limpa, além de atender aos requisitos da ONU, pode se traduzir em vantagens comerciais para o Brasil. O carvão e outros produtos poluentes serão cada vez mais vistos como um obstáculo ao desenvolvimento, e, assim, terão pouca aceitação no mercado. O nosso país, por sua vez, poderia se tornar uma marca de qualidade reconhecida internacionalmente, dados os seus investimentos em uma economia verde.
Na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada no Rio - RJ, em 1992, a comunidade internacional optou pelo respeito à biodiversidade e pela retirada de populações da linha de pobreza. Um discurso esperançoso, que, na prática, pouco ecoou. Vinte anos depois, de 4 a 6 de junho de 2012, a ONU fez, novamente, uma grande conferência no Rio, para discutir a mesma encruzilhada. E, mais uma vez, o Rio foi a capital mundial do meio ambiente.
Desta vez, porém, a corda esteve mais apertada no pescoço. Os prazos estreitaram-se, espécies engrossaram a lista das ameaçadas de extinção, eventos extremos avançam pela Terra.
O clima, embora fora da agenda principal - a pauta do Rio+20 era desenvolvimento sustentável e economia verde - não foi ignorado pelas dezenas de chefes de Estado que foram à cidade. Até o fim de 2012, eles terão de encontrar um sucessor para o malfadado Protocolo de Kioto, único acordo internacional com poder de lei que estabelece limites para as emissões de CO2 e outros gases-estufa.
O planeta recém-saído de uma de suas maiores crises econômicas terá de reaprender a crescer. Não basta um mercado próspero. É preciso atender outros pré-requisitos, como ter uma matriz energética limpa, meios de transporte não poluentes e incentivo à reciclagem. Exigências que, de forma completa, nenhuma nação atende; algumas inclusive contestam. Segundo a ONU, cada país terá de investir, em média, o equivalente a 2% de seu PIB, por 40 anos, para atingir este objetivo.
"Estima-se que, se todos mantiverem seu estilo de vida "insustentável", precisaremos de cinco planetas para suprirmos nossas demandas" - alertou o secretário-geral da Rio+20, o diplomata chinês Sha Zukang, em seu blog. "Temos de considerar os limites dos recursos naturais. Não para viver de forma mais pobre, e sim de um modo mais inteligente."
A Rio+20 ampara-se em um documento, a Agenda 21, elaborado no encontro de duas décadas atrás. Trata-se de uma carta de intenções que propõe a visão conjunta de temas econômicos, sociais e ambientais. Entre as áreas prioritárias - que, inclusive, ganharam suas próprias conferências da ONU - estão mudanças climáticas, biodiversidade, desertificação e responsabilidade corporativa.
A agenda foi revista em 2002, num encontro em Johanesburgo, onde foi constatada a necessidade de tomar passos concretos para tirá-la do papel. Isso ainda não aconteceu, embora a última década tenha sido de prosperidade econômica.
"A Rio 92 foi quase profética" - assinala Israel Klabin, presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS). "Os problemas que detectou são hoje factuais, mensuráveis e as soluções estão ao nosso alcance. Falta, no entanto, conseguirmos condensá-las em um projeto, que se aproxime o máximo possível de um consenso dos governos."
A plateia também mudou - inclusive em seu tamanho. Há vinte anos, os grupos com voz ativa na discussão eram poucos. Agora, a audiência ganhou corpo e abrange públicos mais diferentes entre si, como jovens, empresas, ONGs, sindicatos, cientistas e trabalhadores rurais.
"Passaram-se 20 anos e temos um mundo diferente em termos de tecnologia e globalização, mas também de participação" - ressalta Lawrence Gumbiner, subsecretário adjunto de Meio Ambiente dos EUA. - "Os governos, obviamente, terão papel central, mas agora convivem com novos atores."
Gumbiner veio ao Rio, como representante do governo americano, na preparação da Rio+20. O subsecretário deu palestra sobre o futuro das negociações globais para o desenvolvimento sustentável. Ele reconheceu que, mesmo diante da pressão da sociedade civil organizada, o ritmo do poder público não corresponde às expectativas. "O desenvolvimento sustentável tem pilares econômico, social e ambiental. Colocar todos de pé, em todos os países, demora um certo tempo - admite. "Mas creio que temos de nos orgulhar do que já foi feito e expandir a discussão para outros temas, como a sustentabilidade urbanística. A economia verde não se restringe às florestas e à agricultura. Debater o crescimento urbano é fundamental."
Como em qualquer encontro da ONU, as conversas dançaram conforme a música tocada pelos países mais poderosos. Só que mesmo a definição de quais são essas nações não é mais a mesma. Em 1992, os países desenvolvidos eram os donos da pauta. Nos últimos anos, no entanto, surgiram grupos como os Estados insulares e o Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
"As disputas entre essas alianças podem ser reprisadas, mas de uma forma diferente" - opina Sérgio Besserman, professor do Departamento de Economia da PUC-Rio e assessor da Prefeitura do Rio para a conferência. "Como não haverá deliberações concretas na Rio+20, é provável que o conflito seja menos agudo. Mas a pressão sobre todas as nações deve crescer, devido à insatisfação com a falta de governança global. Estamos em marcha firme para uma crise de sustentabilidade. Muito pouco de nosso rumo foi alterado desde 1992."
Era de se esperar que um país - que já seria ouvido, devido ao tamanho de sua economia - recebesse atenção especial: o Brasil.
"Será o momento internacional mais importante do governo de Dilma Rousseff" - acreditava Besserman. "O mundo inteiro perguntará o que temos a dizer sobre economia verde. O Brasil não será fundamental para que a conferência seja ou não um sucesso, mas é quem vai definir a força da mensagem da Rio+20."
E por que o Brasil? Além de anfitrião do encontro, trata-se de uma democracia de dimensões continentais, que colhe êxitos no combate à pobreza - embora a desigualdade ainda seja uma marca profunda - e tem matriz energética renovável, não emissora de gases-estufa.
Pesa, porém, o grave desmatamento na Amazônia, a maior floresta da Terra.
É preciso, segundo Besserman, encontrar um modo sustentável de manter aquela região tropical, investindo em estoques de carbono. E, também, na logística que sustentaria a economia verde do país. O transporte de carga ainda é feito em caminhão a diesel. Mas até daí nasceria uma oportunidade. "Falta investir em ferrovias e aeroportos. Essa medida, aliada à energia limpa e a uma Amazônia protegida, nos transformam em uma potência ambiental" - assegura Besserman.
Diante de um debate amplo, que mobiliza cifras gigantescas, os chefes de Estado puderam se perder com a quantidade de decisões a serem tomadas. Para evitar esse risco, diversas organizações da sociedade civil prepararam levantamentos indicando quais, segundo elas, deveriam ser as prioridades da Rio+20. Por aqui, um estudo era conduzido pela FBDS, em parceria com a Coppe/UFRJ. Ambas consideravam a energia o componente mais importante da conferência.
"A maior parte dos impactos ao meio ambiente pode ser atribuída à queima de combustíveis fósseis" - explica Branca Americano, assessora da fundação. "Queremos identificar casos de sucesso no mundo na transição para energia renovável."
A FBDS estava, desde o ano passado, em busca de recursos para realizar o estudo, que seria concluído até o início deste ano. Seus resultados parciais, porém, estariam disponíveis já em novembro, quando acabava o prazo para o envio de sugestões à comissão preparatória da Rio+20. O material recebido por este grupo serviu de base ao primeiro rascunho das resoluções da conferência.
No Brasil, cerca de 90% da energia elétrica é gerada por hidrelétricas, uma matriz menos agressiva para a atmosfera. "Nosso desafio é manter a energia renovável e olhar para a frente, ou seja, qual tecnologia vai nos sustentar daqui a 20 ou 30 anos" - ressalta.
O país, embora bem na foto das negociações diplomáticas, enfrenta um paradoxo. Quanto mais enriquece, mais sujo pode se tornar. Afinal, a construção de hidrelétricas também tem o seu limite.
"No futuro, teremos de buscar fontes limpas opcionais, como a energia eólica e a solar, ou apelar para os velhos e poluentes combustíveis fósseis, inclusive o carvão" - explica Klabin.
A insistência em uma matriz limpa, além de atender aos requisitos da ONU, pode se traduzir em vantagens comerciais para o Brasil. O carvão e outros produtos poluentes serão cada vez mais vistos como um obstáculo ao desenvolvimento, e, assim, terão pouca aceitação no mercado. O nosso país, por sua vez, poderia se tornar uma marca de qualidade reconhecida internacionalmente, dados os seus investimentos em uma economia verde.
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